Filhas do Bonfim empreendem projeto cultural, social e esportivo
Os Filhos do Bonfim são um grupo com muita representatividade em todo o país. Através da capoeira trabalham o esporte juntamente com valores como educação, disciplina, respeito, união e solidariedade.
Em Caldas, Minas Gerais, a professora de capoeira Karen Gonçalves, vem desenvolvendo um trabalho pela representatividade e empoderamento feminino entre as mulheres capoeiristas do Filhos do Bonfim.
Um grande passo em rumo à concretização do seu projeto aconteceu no 10º Interestadual de Capoeira em Guaxupé, comandado pelo capoeirista mestre Luizinho, que convidou as “meninas” para fazerem a abertura do evento. Parte do grupo de sessenta mulheres, originárias de todas as cidades onde o Filhos do Bonfim tem sede, se apresentou. Elas trouxeram mais equidade ao evento, que trás grupos majoritariamente masculinos.
Segundo Karen, intensificar a presença das mulheres e integrá-las em maior número ao grupo faz o Filhos do Bonfim crescer mais. Karen é graduanda em Educação Física e todo o material produzido neste projeto está sendo documentado e fará parte da sua monografia, cujo tema é A vivência das mulheres na capoeira.
“Na capoeira, assim como em outros esportes, nota-se a dificuldade da permanência das mulheres, em virtude da diversidade dos seus afazeres. Há uma grande dificuldade em seguir de forma igualitária porque acabamos interrompendo os treinamentos em detrimento de outras atividades pessoais”.
Nos grupos de capoeira há uma hierarquia bem definida e, por enquanto, raras mulheres chegam aos graus mais elevados. No Filhos do Bonfim, por exemplo, há somente a contramestre Maria, de Mococa e a professora Karen, em Caldas, que estão em posições de liderança. As demais são alunas, graduadas, monitoras, mas não alcançam graus mais elevados.
Para o sucesso deste projeto, além do envolvimento das mulheres, é importante contar com mestres capoeiristas que sejam abertos à voz delas.
“Em Guaxupé tivemos uma sensação ótima de pertencimento e de valorização. Tanto através das danças culturais apresentadas na abertura do evento, quanto nas rodas que seguiram. As mulheres participaram muito mais, respeitando a hierarquia do esporte. No momento em que a roda foi aberta para todos, as mulheres jogaram muito e muito bem!”, conta Karen.
“CAPOEIRA É PRA HOMEM, MENINA E MULHER, SÓ NÃO APRENDE QUEM NÃO QUER.”
Entre as ações do projeto estão a formação de um grupo de danças culturais, ações e encontros para integração entre as mulheres, também oficinas, apresentações, reuniões e a montagem de um portfólio contando as atividades, a história e mostrando imagens de cada uma das integrantes do grupo.
Na busca por apoio ao projeto, tanto entre mestres, professores e demais integrantes do grupo, a professora Karem também faz contato com ongs, empresas privadas e outros projetos de apelos semelhantes ao seu. Cada uma das participantes, também busca parcerias nas suas respectivas cidades.
Foi através da representante do Centro Cultural Afro-brasileiro Chico Rei, de Poços de Caldas, Lúcia Vera, que as meninas do Filhos do Bonfim foram convidadas para participar da Flipoços 2020, uma das feiras literárias mais significativas do país e cujo tema será Mulher e Literatura: Da Poesia ao Poder. O grupo fará uma apresentação de Samba de Roda e suas representantes participarão também de uma mesa de discussão que abordará a representatividade feminina na capoeira.
Sucesso e vida longa aos Filhos e Filhas do Bonfim!